Pois é, aromaterapia teve uma linda história, que foi construída a partir das medicinas naturais e da história de desenvolvimento dos perfumes, além das inúmeras conexões aos incensos, ofertas, crenças e deuses. Vamos entender como isso começou e o que nos trouxe até aqui.
PRIMEIRO, O QUE EXISTIA ANTES DA AROMATERAPIA?
Desde o início de sua relação com o mundo, o ser humano utiliza as plantas para diversas finalidades, como na alimentação e, também, para manejo de sintomas, cura de doenças e, claro, para sua conexão com o divino. Justamente aí, na queima dos incensos, das plantas e das resinas aromáticas, quando a fumaça produzida se dispersava no ambiente, carregava consigo essa característica, até então incompreendida, de um aroma imaterial, uma conexão com as divindades e a abertura até elas. Aqui nasce a ideia do perfume, do “per fumum” = através da fumaça.
Até hoje, as diversas religiões e crenças utilizam os incensos e aromas em rituais específicos, preservando práticas ancestrais das culturas humanas, bem como aquele chazinho da vovó para melhorar cólica ou a digestão, também carrega a sabedoria ancestral de manejo das plantas medicinais para benefícios de saúde e cura.
O que vemos na história é a diferenciação das formas de uso e aplicação das plantas. Uma das linhas dessa história converge para as medicinas tradicionais e o uso fitoterápico das plantas, bem como das atuais pesquisas com recursos naturais para o desenvolvimento de tratamentos e medicamentos a partir de seus princípios ativos. Outra linha da história convergiu para o aproveitamento dos aromas de muitas dessas plantas medicinais e, esse desenvolvimento caminha junto com a evolução das técnicas de destilação, purificação e a própria história e indústria dos perfumes.
Quando os aromas das plantas puderam ser extraídos delas através da destilação, dando origem aos óleos essenciais, as possibilidades e a produção de plantas aromáticas para esse fim cresceu muito. Então, nossa história continua justamente nos campos franceses de lavanda, que era destilada para que seu óleo essencial fosse destinado à perfumaria. Estamos no ano de 1910 quando…
QUANDO A AROMATERAPIA FOI CRIADA?
… bum! Uma explosão no laboratório provocou grave queimadura nos braços do químico francês, Rene-Maurice Gattefossé. A partir desse fato, foi propagada por muito tempo, uma lenda que dizia que Gattefossé, no desespero do acidente recém ocorrido, teria mergulhado os dois braços no óleo de lavanda. O que se diz é que isso teria transformado a experiência assustadora do acidente em um despertar para a atuação terapêutica do óleo essencial de lavanda, já que, segundo a lenda, os braços de Gattefossé teriam se curado de forma espetacular após a queimadura e do uso da lavanda.
Hoje, contudo, já se sabe que não foi bem assim, apesar de, de fato, ter existido uma intervenção com lavanda, mas que só aconteceu após a tentativa de tratamento da ferida nos braços de Gattefossé, com medicamentos da época, não ter surtido efeito. Com isso, ele desenvolveu uma gangrena gasosa, o que ameaçou os braços e a vida de Gattefossé, tendo sido advertido da possibilidade de amputar os membros para tentar contornar a situação. Diante desse quadro, aí sim, o químico recorreu ao óleo de lavanda e sim, o resultado foi tão impactante que fez Gattefossé passar a dedicar muito estudo e grande divulgação das possibilidades de uso terapêutico dos óleos essenciais. Não só ele não perdeu os braços como os resultados da recuperação da pele foram espantosos.
SABIA QUE GATTEFOSSÉ ÉCONSIDERADO O PAI DA AROMATERAPIA?
A dedicação de René-Maurice Gattefossé produziu diversos estudos e publicações, sendo que, em 1935, num artigo na revista Parfumerie Moderne, Gattefossé usou o termo AROMATERAPIA pela primeira vez. A consagração do termo, historicamente, ganha destaque quando em 1937, Gattefossé lançou o livro Aromathérapie – Les Huiles Essentielles, Hormones Végétales, que é considerado, hoje, o grande marco da criação da aromaterapia moderna.
O QUE SURGIU DEPOIS DA AROMATERAPIA TER SIDO FORMALMENTE INALGURADA?
Tanto durante os anos de dedicação de Gattefossé, quanto nos que se seguiram, diversos profissionais se interessaram em colaborar, estudar e desenvolver as práticas de aplicação terapêutica dos óleos essenciais, o que é, de fato, a essência da aromaterpia.
Desde então, os estudos, as aplicações clínicas e terapêuticas se especializaram em visões que podemos destacar em duas linhas principais: a aromaterapia francesa, iniciada por Gattefossé e desenvolvida por médicos, farmacêuticos, bioquímicos e diversos profissionais da saúde e, a aromaterapia inglesa, iniciada por Marguerihe Maury e, hoje, destacada por Robert Tisserand.
Com isso, temos grandes referências das duas conhecidas grandes escolas de aromaterapia. Elas não são necessariamente antagônicas, mas possuem diferenças que nasceram de suas bases históricas e de evolução, mas mais detalhes sobre elas podem ser conferidos no artigo “As escolas tradicionais da aromaterapia” (sugestão para escrever: ou Lucinha ou Mayra).
Gostou de aprender com esse conteúdo, aproveite para conhecer mais sobre a própria compreensão de aromaterapia em “O que é aromaterapia?”
Claro, você pode aprender ainda mais em “Como os óleos essenciais agem no organismo quando sentimos seu cheiro?” e “Por que óleos essenciais são terapêuticos?”
Se você deseja se aprofundar no conhecimento da aromaterapia e dos óleos essenciais, deixamos aqui sugestões de livros da editora Laszlo: “Aromaterapia – a cura pelos óleos essenciais”, de Marcel Lavabre (que é um excelente representante da escola inglesa de aromaterapia) e “A Bíblia dos Óleos Essenciais”, de Danièle Festy, uma das maiores autoras do uso prático dos óleos essenciais em questões do dia-a-dia, sendo uma grande representante da escola francesa tradicional de aromaterapia.